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DECLARAÇÃO DE FÉ DA INSTITUIÇÃO

1. PERSPECTIVA HISTÓRICA-CONTEXTUAL
Neste capítulo quero abordamos principalmente a questão histórica da Igreja de Deus, citando o seu início nos Estados Unidos, mas enfatizando especialmente o início da igreja e do ensino teológico da Igreja de Deus no Brasil.

1.1. Início Internacional da Igreja de Deus
O movimento reformador da Igreja de Deus surgiu em 1880 nos Estados Unidos da América, numa época marcada por divisões, rivalidades e contendas entre grupos evangélicos, desviando-se dos conceitos bíblicos. A finalidade principal não era fundar uma nova denominação, mas retornar a toda verdade bíblica, pregando e vivendo um Evangelho Integral. Jesus disse em João 5:39: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensamque nelas vocês têm a vida eterna”. A prova disso é que passaram a usar o nome bíblico “Igreja de Deus”, conforme Atos 20:28, e enfatizar que todos as pessoas regeneradas são nossos irmãos e irmãs. A professora Adelheid Junges descreve o início do trabalho da seguinte forma:
O pioneiro principal foi Daniel Sidney Warner, que com mais cinco irmãos saíram de uma pequena igreja no norte de Indiana denominada “National Holines Association”, filiada à “Northern Indiana Eldership” (que não praticava toda a verdade bíblica), e iniciaram um grupo de trabalho à parte, reunindo-se em casas, escolas e salões para levar o Evangelho a toda criatura. Esse movimento surgiu, quase que simultaneamente em três Estados: Indiana, Ohio e Michigan. (JUNGES, Adelheid. História da Igreja de Deus. Curitiba: ITBT, 2004. p. 5-6.)

               A teologia foi totalmente baseada na Bíblia, com três ênfases principais na sua pregação: “Salvação : “E não há salvação em nenhum outro ...” (At 4:12); Santidade: Que o próprio Deusda paz os santifique inteiramente. Que o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5:23); e Unidade: “... que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti” (Jo17:21)”.
Através da pregação, literatura e música, a princípio, o movimento reformador  da Igreja de Deus cresceu rapidamente naquele país, e alcançou também outros países.
Atualmente o movimento reformador Igreja de Deus atua em mais de 90 países ao redor do mundo, inclusive no Brasil. A Igreja de Deus continua enfatizando os mesmos temas básicos que os pioneiros enfatizavam, tendo a Bíblia como regra de fé e prática e dando ênfase num cristianismo autêntico e equilibrado.

1.2. Principais Conceitos Doutrinários do Instituto Teológico Boa Terra e da Igreja de Deus.
O ensino integral da Palavra de Deus envolve muitas coisas, que não podem ser detalhadas nesta proposta. Sendo assim, apresentamos apenas resumidamente, aos principais conceitos doutrinários da Igreja de Deus.

1.2.1. A Inspiração da Bíblia
Cremos que a Bíblia é inspirada por Deus : “Toda a Escritura é inspirada por Deus...(2 Tm 3:16). Ela é a revelação do próprio Deus para a humanidade. Ela nunca erra, e por isso é o guia da nossa fé”!

1.2.2. A Doutrina de Deus
Cremos na existência de um único Deus Pai, Filho e Espírito Santo: “um em essência e trino em pessoa”. “... para que vocês saibam e creiam em mim e entendam que eu sou Deus. Antesde mim nenhum deus se formou, nem haverá algum depois de mim”(Is 43:10b). Ele é Deus, e seus atributos são: Eterno, Onipotente, Onipresente, Onisciente, Transcendente, Imutável e Soberano. Ele é o Deus Criador e Sustentador de tudo o que existe.

1.2.3. Jesus Cristo é Deus
Ele é eterno: “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, o que é, o que era e o que há de vir, o Todo-Poderoso”(Ap 1:8).“No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus e era Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do queexiste teria sido feito”(Jo 1:1-3).Ele tornou-se homem, viveu sem pecar, morreu na cruz para resgatar a humanidade pecadora, ressuscitou dos mortos e subiu aos céus onde é o nosso advogado na presença de Deus.

1.2.4. O Espírito Santo é Deus
O Espírito Santo também é Deus. “Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito doSenhor, ali há liberdade”(1 Jo 3:17).Como integrante da Trindade Divina, ele age de modo pessoal para glorificar a Cristo e dar continuidade à sua obra. Jesus disse aos seus discípulos: “Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdadeque provém do Pai, Ele testemunhará a meu respeito”(Jo 15:26). Por meio do Espírito Santo, Deus opera na esfera espiritual, convertendo pecadores, santificando os convertidos, sustentando os seus seguidores, produzindo frutos espirituais e distribuindo dons espirituais para a edificação da igreja.

1.2.5. A Queda da Humanidade
Deus criou Adão e Eva, como seres bons e puros, em perfeita comunhão com o seu Criador. “Então disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”(Gn 1:26). Mas eles ignoraram as instruções do Criador e fizeram deliberadamente o que lhe desagrada. Esse ato resultou no fim de sua inocência e bondade, trazendo um mundo de sofrimento e morte, tanto na esfera física com também espiritual (o que é a separação de Deus). Assim o pecado entrou e proliferou no mundo. “O salário do pecado é a morte...” (Rm 6:23).Com a origem do pecado, iniciou-se a constante tendência para o mal e a depravação de toda a raça humana.

1.2.6. A Salvação da humanidade
A salvação por meio da fé em Cristo, é uma obra restauradora completa. “Portanto, ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). A salvação é uma obra da graça de Deus, para todo aquele que quer recebê-la. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem Filhos de Deus” (Jo 1:12). A morte de Jesus Cristo na cruz é o único e perfeito sacrifício pelos nossos pecados. A salvação é o livramento da morte espiritual e da escravidão do pecado. Ela é recebida quando o ser humano se arrepende dos seus pecados, confessa os mesmos a Deus , pede perdão, aceita Jesus Cristo como Senhor e Salvador de sua vida e passa a ser nova criação.

1.2.7. A Vida Santificada
Santificação, segundo a Bíblia, significa separação para um determinado fim, ou seja, para o serviço de Deus. Isso só é possível mediante a ação sobrenatural do Espírito Santo, que implica em separar-se do mal e identificar-se com as coisas boas, justas e puras. Acontece como um ato na regeneração, mas continua como um processo progressivo por uma vida inteira, de acordo com a consagração da pessoa. “... ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor” (Fp 2:12b). A Bíblia nos ensina que Deus é santo. “Sejam santos porque eu sou santo” (1 Pe 1:16). Também ensina que sem a santificação não é possível ver o Senhor. “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).Para que isso se torne possível, precisamos buscar constantemente, nos enchermos do Espírito Santo, mediante a oração, leitura e meditação na Palavra de Deus e obediência incondicional a ele. “Não se embriaguem com vinho que leva à libertinagem, mas deixem se encher pelo Espírito” (Ef 5:18).

1.2.8. A Missão da Igreja
A Igreja é a reunião de pessoas regeneradas que têm colocado a sua fé em Jesus Cristo, como a única solução para os seus pecados. Inclui todas as pessoas sem distinção de idade, sexo, raça  ou condição social. A ordem de Jesus diz: “Vão pelo mundo todo e preguem o Evangelho a todas as pessoas” (Mc 16:15). Conforme o plano de Deus, cada cristão deveria ser uma parte integrante da igreja. A igreja deve ser uma agência de Deus para evangelizar o mundo e assistir às pessoas em suas necessidades. A Igreja também deve ser um corpo unido e cooperativo, no qual as pessoas possam adorar e servir a Deus. Ela também deve ser um canal do propósito de Deus em edificar seu Reino, através do uso dos mais diferentes dons espirituais, que devem ser usados com zelo e sabedoria, para a edificação da mesma.

1.2.9. As Ordenanças da Igreja
A Igreja de Deus denomina o Batismo, A Santa Ceia e o Lava-Pés, como práticas ordenadas e estabelecidas pelo próprio Senhor Jesus Cristo. A sua observância tem sido de grande bênção para todos os que as praticam de maneira correta.

1.2.9.1. O Batismo
O batismo nas águas é uma ordem bíblica clara e um ato único. Todos os regenerados devem ser batizados, como testemunho público da sua fé cristã. “Quem crer e for batizado serásalvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16:16). Praticamos o batismo por imersão, que é acompanhado por um simbolismo maravilhoso. Submergir (mergulhar) na água, significa morrer (e ser sepultado) para a vida no pecado; imergir da água, simboliza ressuscitar para uma nova vida com Cristo. Portanto, o batismo está relacionado à nossa libertação do pecado e é um testemunho público da pessoa.

1.2.9.2. A Santa Ceia
A Ceia do Senhor é um memorial do sofrimento e da morte do Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo disse: “... façam isso em memória de mim” (1 Co 11:24b).
Normalmente usamos pão sem fermento, que representa o corpo puro de Cristo; e suco de uva, que representa o sangue de Cristo, derramado como expiação pelos nossos pecados. “Porque sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha” (1 Co 11:26).A ceia está relacionada com a nossa união com Cristo, mas também representa a unidade e a fraternidade do povo de Deus.

1.2.9.3. O Lava-Pés
Apesar da maioria dos cristãos omitirem essa prática, nós entendemos que é o cumprimento de uma ordem de Cristo, que nos desafia à reconciliação, à humildade e ao serviço mútuo. Jesus disse: “Pois bem, se eu, sendo o Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como eu lhes fiz” (Jo 13:14,15). O lava-pés foi praticado primeiramente por Jesus Cristo, estabelecido como prática de sua igreja e ordenado como prática da igreja futura. “Agora que vocês sabem essas coisas, felizes serão se as praticarem” (Jo 13:7). Portanto, o lava-pés está relacionado à nossa união com o próximo e ao serviço mútuo.

1.2.10. A Cura e Libertação
Cremos na cura Divina, segundo a vontade de Deus, tanto física como também espiritual. A Bíblia diz: “Jesus foi por toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas deles, pregando as boas novas do Reino e curando todas as enfermidades e doenças entre o povo” (Mt 4:23). A Bíblia também nos orienta a ungir os enfermos com óleo e orar por eles com fé. “Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da Igreja, para queestes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. E a oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado” (Tg 5:14,15).Além disso, também cremos que Deus utiliza a ciência para curar os enfermos. Assim como Deus cura fisicamente, ele também cura e liberta espiritualmente, tanto da opressão e possessão maligna, como também de todo o tipo de vícios e feridas de um passado pecaminoso, ou da violência do pecado. Jesus também disse: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor” (Lc 4:18,19). “Se vocês permanecerem firmes na minha Palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade e a verdade os libertará” (Jo 8.31,32).

1.2.11. Escatologia (Doutrina das Últimas Coisas)
Cremos na segunda vinda visível de Cristo, na ressurreição dos mortos, na transformação dos vivos, no juízo final e no destino final dos salvos e dos perdidos. Apesar de sermos seres fisicamente mortais, somos espiritualmente imortais, pois o nosso espírito é o “Sopro Divino” que jamais morrerá.. A morte é apenas a separação entre corpo e alma, ou corpo e espírito. O corpo passa por um processo de desintegração, e a alma e o espírito passam para o mundo espiritual. A alma (psychê), pode ser a manifestação da vida, ou do ser não material do homem com o mundo. O espírito (pneuma), é a manifestação do ser invisível para com o seu Deus. Cremos que os espíritos dos salvos falecidos estão temporariamente no Paraíso, mas ainda não receberam o galardão final. Jesus disse ao ladrão penitente da cruz: “Eu lhe garanto: hoje você estará comigo no Paraíso” (Lc 23:43).
Conforme Lucas 16:23, cremos também que os espíritos dos perdidos estão no inferno (lugar de sofrimento), aguardando o dia da ressurreição e do juízo final. seu lado”. Na segunda vinda de Cristo, haverá o julgamento e a recompensa final, tanto para os salvos, como para os perdidos. Os salvos estarão para sempre na Glória Celestial. A Bíblia diz: “Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: Agora o Tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos, o próprio Deus estará com eles, e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda a lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro e nem dor, pois a antiga ordem já passou” (Ap 21:3,4).Os perdidos serão banidos para sempre da presença do Senhor. “Aqueles, cujos nomes não foram encontrados no Livro da Vida, foram lançados no lago de fogo” (Ap 20:15).
A Igreja de Deus é amilenista, ou seja, não crê na existência de um reino milenar terreno, por três razões:
Em primeiro lugar, não há necessidade para um reino milenar terreno, pois Cristo já fundou um Reino de ordem espiritual, o Reino de Deus. “Jesus disse: O meu reino não é deste mundo” (Jo 8:36). “O Reino de Deus não vem de modo visível, nem se dirá: ‘Aqui está ele’ ou ‘lá está’; porque o Reino de Deus está entre vocês” (Lc 17:20,21).Em segundo lugar, não haverá tempo para um reino milenar terreno. A Segunda Vinda de Cristo será um acontecimento único, ou uma reação em cadeia dos acontecimentos já anunciados, sem o devido espaço de tempo para um reino milenar terreno. “Sejam pacientes e fortaleçam o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5:8). Em terceiro lugar, não haverá lugar físico adequado na terra. Não haverá lugar neste mundo, pois o nosso planeta será desintegrado, mas haverá um novo céu e nova terra. “O dia do Senhor virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra e tudo o que nela há será desnudada (queimada)” (2 Pe 3:10).(Manual de Diretrizes da Igreja de Deus no Brasil. Joinville: SGL / IDB, 2002. 42 p.)